HIT THE GLASS

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Estado da União: New York Knicks


Parecia que o New York Knicks havia encontrado seu caminho. Um excelente início de 2014, com seis vitórias em sete partidas, incluindo vitórias sobre San Antonio Spurs e Miami Heat, uma sequência de cinco vitórias que colocou o time no 8º lugar da Conferência Leste, e quase pulou para 7º. Mas tudo voltou ao começo da temporada. Quatro derrotas consecutivas e um time perdido.


Após a derrota para o Brooklyn Nets, o armador Beno Udrih, terceiro reserva da equipe, pediu para ser trocado. Como sempre, a reação inicial do Twitter foi ridicularizar o pedido de troca de Udrih, afinal, o que o terceiro armador, que joga menos de 20 minutos por partida, quer pedindo trocas? Mas Udrih tem certa razão.

Quando assinou com o Knicks, o time vendeu a ideia dos dois armadores. A tática longe de ortodoxa que rendeu 54 vitórias para o Knicks em 2012/13 foi o principal motivo para Udrih aceitar a oferta do time de New York. Por algum motivo, o treinador Mike Woodson resolveu ignorar tudo que deu certo na última temporada.

"O Leste é grande", foi a desculpa usada por Woodson para fugir dos dois armadores, com Carmelo Anthony de ala-pivô. O estilo de jogo não agradava Woodson, que prefere um time tradicional, alto, com um pivô e um ala-pivô de ofício.

O Knicks abandonou a identidade que trouxe sucesso na temporada passada. Embora foram os dois armadores. Em 2012/13, três dos cinco quintetos mais utilizados pelo Knicks tinham dois armadores. Nesta temporada, apenas um dos 13 quintetos mais utilizados tem dois PGs.

O quinteto de mais sucesso do Knicks - Raymond Felton, Pablo Prigioni, Iman Shumpert, Anthony e Tyson Chandler - jogou junto por apenas 40 minutos em meia temporada. Apesar das lesões, esse time deveria ter jogado mais minutos.

Prigioni, voltando de lesão, ainda recebeu o mesmo tratamento de James White. O argentino jogou os primeiros 4min da partida e só retornou no início do 3º quarto. Difícil manter um ritmo desta maneira. Woodson não deixou claro se Prigs estava em um regime de minutos, mas certamente não administrou-os de uma maneira inteligente.

Outra fórmula de sucesso que o treinador do Knicks deixou de lado foi "Melo na 4". Carmelo Anthony teve uma das melhores temporadas de sua carreira, recebendo votos para MVP, jogando a maior parte de seu tempo como ala-pivô. Com sua velocidade, Anthony apresenta um problema para alas-pivôs maiores e, com sua força, pode explorar alas mais leves.


Em 2012/13, Anthony jogou apenas 8% dos minutos totais do Knicks como ala, para se ter uma ideia, ele jogou 4% dos minutos como pivô. A maioria esmagadora, 48% dos minutos totais da equipe, foram como ala-pivô, dando uma percentagem de vitória de 64% para o Knicks quando na posição 4.

Woodson não se sentia confortável com "Melo na 4", só utilizou Anthony como ala-pivô porque se viu obrigado, tantas lesões que o Knicks sofreu. Mas funcionou.

Anthony vem tendo outra excelente temporada. Com médias de 26,1 pontos, 9,1 rebotes, 1,2 roubadas por jogo, e convertendo 39,5% de seus arremessos de 3 pontos, Anthony vem tendo uma temporada repetida pela lenda Larry Bird (em 1984/85, 86/87 e 87/88) e Dirk Nowitzki (em 2004/05). Mas fugir de "Melo na 4" prejudica a eficiência da equipe.

Nesta temporada, Anthony jogou apenas 41% dos minutos totais do Knicks como ala-pivô e 32% como ala. Somente um dos cinco quintetos mais utilizados pelo Knicks tem Anthony como ala-pivô. Curiosamente o quinteto com 66% de vitórias. Dos 20 quintetos mais utilizados pelo Knicks, quatro dos cinco com maior percentagem de vitórias contam com Anthony na 4.

Outro erro de Woodson é a constante insistência em Andre Bargnani com Chandler em quadra. Quando juntos, Chandler/Bargnani tem um +/- de -16,1, uma das 25 piores duplas do Knicks. Mesmo assim, os dois estão entre as 30 duplas com mais minutos juntos em quadra do time nova-iorquino.

Se voltasse a usar dois armadores e Anthony de ala-pivô, Woodson poderia ter um trio de Chandler/Bargnani/Kenyon Martin no pivô. Descansando Chandler, que sempre chega aos playoffs doente, preservando o âncora da defesa do Knicks.

Outra insistência de Woodson, que piora com sua escolha em elencos, é o exagero na troca de marcação. Trocar de maneira exagerada gera mismatches - quando um jogador leva clara vantagem sobre o outro por diferença de força, velocidade, habilidade, etc. - em todas as posses. Com tantas mismatches fica difícil manter uma coesão defensiva.

Usar um time alto e sem velocidade lateral, o que acontece com Anthony e Bargnani em quadra ao mesmo tempo, agrava os buracos deixados por tantas trocas na marcação. Após a derrota para o Nets, Chandler falou que discorda da filosofia defensiva do Knicks, afirmando que o time não tem as peças necessárias para trocas no pick-and-roll.

Mesmo assim, Woodson insiste.

Isto nos leva a outro problema do Knicks, este mais atual: Woodson perdeu o vestiário. A declaração de Chandler, Anthony dizendo que sentiu que o time não lutou contra o Nets, Udrih pedindo troca por ser o bode expiatório do treinador, as constantes discussões com Shumpert, a falta de pulso ao lidar com J.R. Smith tudo fez com que o treinador não tivesse mais o controle do time.

Um bom momento para a demissão de Woodson. Apesar da péssima temporada, o Leste está tão fraco que o Knicks está há, apenas, seis jogos do 6º lugar, que pertence ao Chicago Bulls, um time que deve cair na tabela.

Apesar da péssima temporada e falta de apoio, Anthony, o principal jogador do Knicks, não desistiu da equipe. Mesmo com fama de individualista, Anthony está utilizando a marcação dupla como ninguém e, cada vez mais, deixa sangue, suor e lágrimas em quadra.

Nos últimos cinco jogos, Anthony tem médias de 25,8 pontos, 12,2 rebotes por jogo. Nas últimas 10 partidas ele vem tendo a melhor média de assistências por jogo, apesar do baixo aproveitamento dos companheiros.

Nem tudo está perdido para o Knicks nesta temporada. A solução é simples. Só falta Woodson voltar a utilizar o que deu sucesso ao time.
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